28/05/2010
Quando a Duda tem a oportunidade de ser filha única, realizo alguns de seus desejos.
Hoje, a Vittoria foi pra um passeio da escola das 7h às 17h, e a Du ficou comigo de manhã. Tomamos banho juntas, ela me lavou, meu cabelo, passou condicionador…
Depois, fomos almoçar no Mc Donald’s com direito a sobremesa e DOIS brinquedinhos do Mc Lanche FEliz, duas Poneis lindas que é o brinquedinho que ela mais ama de paixão.
Duda tem se mostrado muito preocupada com o planeta e a questão da água. Todo santo dia quando vai tomar banho, pergunta se demorou demais, se gastou pouca água e se já acabou a água do planeta. E aí ela comenta que “quando a água acabar, todos irão morrer, primeiro os animais, depois toooodas as pessoas.. e daí, vai ter uma chuva bem forte e todo mundo vai nascer de novo, mas aí primeiro os animais…”
Seu medo de injeções parece ter passado. Tem chamado a nossa atenção falando muuuuuito alto e falando de doenças.
Ela está incrível.
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04/abril/2010
Duda diz claramente que sente ciúmes do diabetes e de todo cuidado que eu tenho com a Vittoria. Acha que eu gosto mais da Vi por estar o tempo todo preocupada com números com refeições, com aplicações. Quinta passada, em terapia, meio que exorcizamos um demônio. Descobrimos que além do ciúme rola um medo enorme das injeções. Toda vez que eu preciso aplicar insulina da Vivi ela… sofre. Não sei porquê. Talvez no comecinho do tratamento, enquanto a Vivi ainda chorava bastante pra tomar as injeções e a Duda de longe ouvindo os gritos… vai saber que imagem ela fez na cabecinha dela.
A partir desse dia, 01/04/2010 a Duda colabora com as aplicações. Ou na preparação, ou na aplicação propriamente dita, ou no abraço final. Ela tem se sentido mais importante. Pertencente ao cuidado do diabetes. Dividindo comigo a atenção da Vittoria.
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[Engravidei usando DIU. Nasceu em 08/12/2004, parto cesariana por ter passado da data prevista. Nessa época a Vittoria tinha 1 ano e 3 meses. Apesar de não ter tido nenhum problema físico durante a gravidez, meu momento de vida estava bem instável. Foi uma gravidez complicada por questões emocionais.]
Por diversas vezes me pequei questionando a quantidade de atenção dada pra uma filha e pra outra não. Não é a mesma quantidade, não é a mesma qualidade, são tipo de atenções completamente diferentes.
A atenção que tenho com a Vittoria, não é a que eu queria ter. Quando estamos sozinhas ou estamos no médico, no laboratório, resolvendo sempre algo com o diabetes.
Quando estou sozinha com a Duda, estamos brincando, almoçando num restaurante Japonês, passeando… definitivamente não é igual. E não é porque eu queria, simplesmente é assim que tudo tem acontecido.
Esse espaço é pra eu falar da Duda. Que faz parte do diabetes apesar de não ser diabética. Ela não tem ciúme da irmã, do cuidado que temos com ela. Mas se recusa a falar sobre o assunto. E muito mais difícil pra Duda falar sobre o diabetes do que pra própria diabética.
Em terapia, pudemos perceber o seu medo de perder a irmã devido a uma hipoglicemia grave que a Vivi teve e a Duda presenciou. Na cabeça dela, a irmã estava vomitando sangue quando na realidade, era o mel que a Vittoria não conseguia engolir por estar com o maxilar travado. A Duda diz claramente que eu cuido mais da irmã, que todo mundo gosta mais da irmã, tudo pelo cuidado que somos obrigados a ter com ela.
A Duda é uma criança fantástica. Dá um banho em muito adulto por aí em rapidez de raciocínio. Tem um senso de humor incrível, faz piadas e tira onda com a sua cara na maior…. é uma peça rara. Extremamente independente. Faz tudo sozinha. Oposto da irmã. Será que essa independência aconteceu devido a necessidade de se virar enquanto eu acudia a Vivi??? Não importa. Essa é ela agora!! E além de todas as minhas questões expostas nesse blog sobre o diabetes, tem as questões da Duda inserida nesse cotidiano.
Ela parece tirar tudo de letra, mas isso não me permite relaxar e não observar o que acontece com ela.
março 15, 2010 às 9:56 pm
Ia perguntar justamente isso, como a Duda encarava a doença da irmã, mas a sua exposição aqui já responde. Ela é uma guerreirinha também. Lindos e fortes os nomes das suas pequenas, assim como elas. Beijos.
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março 18, 2010 às 7:54 am
Nicole ,quanto mais leio o que vc escreve sobre suas filhas fico encantada com elas ,com a conciencia que elas tem ,tao pequenas ainda ,mais como a Lu disse sao guerrerinhas mesmo .
bjim
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maio 11, 2011 às 6:26 pm
Oi, Nicole!
Não sei se serve de comparação, mas tenho uma irmã mais nova também que pelo menos aparentemente sempre conviveu bem com o meu diabetes.
Porém de início ela também não se envolveu muito, e nunca me aplicou injeções antes dos meus 15 anos, mas aí comecei a pedir a ajuda dela e ela começou a colaborar.
Minha família sempre disse que ela parecia bem mais independente do que eu, que em vez disso tinha todo o jeito de caçula. E talvez esse nosso jeito tenha sido moldado em grande parte pela minha diabetes e pelos cuidados que recebi de todos. Então acho que você tem razão ao fazer essa análise das suas pequenas.
Mas uma coisa eu posso te garantir: mesmo que a Duda nesse momento não se envolva muito e não queira falar da condição da irmã, em alguns anos poderá ser quem mais vai entendê-la.
Pelo menos lá em casa foi assim! Com o tempo, ninguém diagnosticava tão rápido quanto a minha irmã uma hipoglicemia, e ninguém cuidava de mim tão bem quanto ela! Mas você, como mãe, não poderá ficar com ciúmes se isso acontecer com vocês também, ok?! 😉
Um grande abraço,
Babi
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maio 11, 2011 às 8:52 pm
Vc não sabe como eu fiquei feliz com esse seu comentário. De verdade.
As coisas aqui já melhoraram bastante, mas a Duda ainda se manifesta bem pouco, ainda prefere não participar. E eu deixo ela a vontade, acho que tudo tem seu momento, né?
Posso usar seu comentário pra fazer um post sobre os irmãos???
Beijo
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maio 16, 2011 às 5:21 pm
Pode usar sim, sem problema algum!
E fique tranquila que você está fazendo tudo certinho, deixando a Duda à vontade para se manifestar ou não.
Lembro que meus pais também não forçaram nada, e o envolvimento maior da minha irmã começou quando eu mesma comecei a “cutucá-la” mais. Então, como a Kiki, a Duda deve estar somente ficando na dela. Mas se já tem um relacionamento bom com a irmã, quando for “solicitada” pela mesma, acredito que ela vá ajudar sem pensar duas vezes!
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